But i try..

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Folha 5.

Pare!
Eu ordeno agora que pare, suma daqui, mas volte quando a realidade me bater a porta.
Mais tarde nos cruzamos na esquina mas não venha comigo. Não te quero pessimismo.
mas sei que te tenho; e nosso relacionamento com a realidade é entrelaçado.

Sei que parte de mim é pessimismo o que insisto em chamar de realismo. e outra parte de mim dou nome de surrealismo-demais. Ora eu, surrealista!
Preciso colocar meus pés no chão e quem me ajuda é você, meu doce e cruel realismo. Venha me visitar, mas não sempre. Quero poder desfrutar e brincar também nas cordas bambas do surrealismo. quero acreditar que estou andando nela,
quando na verdade não haverá se quer alguma.

Precisamos; eu e você.
Primeiro precisamos da corda, dê-me a corda. tire os nós, peça ajuda ao surrealismo, estenda. entenda.
Está pronto? agora me de a mão a partir de agora vamos ter que seguir juntos.
mas temos que ter cuidado, porque ambos agora caminham em corda bamba.
_Aperte minha mão, mas não me olha.
Só assim me tenho o necessário equilíbrio para caminhar nesta linha tênue. Agora aperto a sua. não podemos olhar pra baixo! Logo a poucos metros está ele nos fitando. ou seria a poucos centímetros? Ele está atento e vai até mesmo soprar. _Vento do pessimismo.
                 
A distancia entre nosso surrealismo e realidade é pouca. quase nada. quase ao chão. mas não solte minha mão porque ainda assim mantenho o equilíbrio. Equilíbrio este que as vezes precisa ser quebrado; mas isso é só quando estivermos a beira da loucura. _daí não devemos nos deixar cair, mas sim nos atirarmos de cabeça.
Mas de loucura volto, já caí nela a muito tempo, ainda tenho cicatrizes no meu joelho esquerdo.
Sentiu? agora a corda balançou.
Viu? não pode olhar para baixo. nem pro joelho.

Deve-se olhar de olhos fechados e apenas seguir o que seu ciclo; digo e repito: ciclo este que nós mesmos criamos. deve-se seguir nesta corda bamba que você criou.
                                                                                           _ Psiu, nada de olhar pra baixo.



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Folha 4.

05:42 _ O ultimo cigarro, acendo, olho para o alto de meu cubículo e já vejo o amanhecer, já não consigo parar de voar com meus pensamentos, meus olhos já estão cansados, pesados de tanto ver.
_Quero ser cego, novamente. Estupidez.
Mas quem sou eu com este cigarro a mão em um lugar barato, com uma filosofia barata.
Logo eu filosofando, logo eu que não sei nada sobre filosofia. Logo eu, que não passo de ninguém.
Ninguém; assim me vejo, ou será que me gostaria de ser alguém? não, não quero ser gente!
Quero ser este. ser este E.T, de minha gosma única que é quase névoa, grudo a mim mesmo.

Um perdido no meio da selva, um turista, um visitante..
logo já sei subir em árvores, balanço, escrevo teu nome nelas e levo comigo tua flor.

As vezes não quero descer da árvore, subo. quero galhos e só assim me levo a cair.
Conheci árvores com espinhos, estas me encantaram, destas tenho espinhos ainda em mim. absorvo, e parte de mim já se cria tronco, tronco este que não sei onde há terra que se vingue.
Mas de minha natureza E.T conheço bem. nós E.Ts não somos invisíveis para conosco.
Meu reino é escondido mas visível para quem quiser ver.


Folha 3.










Chove lá fora.

Hoje voltando do trabalho, já era noite. percebo duas pessoas a minha frente, ou já seria uma só.
Abraçavam-se. entrelaço.
_Me atraio, me chama.
Mas continuei minha caminhada, calmo e atento observando.
Era lindo, Cabeças colavam.
era como um nó de cabeças, um nó de braços que já não se distinguia mais os braços de quem ou cabeças de alguém.
Coração. Tempo congelado.
Era um abraço verdadeiro que ali vi, estaria eu presenciando um momento de __________, ou despedida?
Mas era encontro, de olhos bem fechados.

_Dá-me um abraço agora?
não te prometo nada, além de meus braços magros e meu coração quente.


 *deixo aqui este video, bela retratação do encontro; o primeiro beijo de estranhos:

Folha 2.

     No relógio marca 23:45 - quarta-feira 26 de fevereiro, o ano não me importa, porque já vivo no passado de um futuro a muito tempo.
Hoje senti que preciso correr, não posso perder tempo, corro. como agora neste momento te escrevendo estas linhas tortas; que já nem linhas tem, é um papel em branco. E neste papel em branco vou fazendo meu dialogo contigo, corro.
Escrevo com pressa porque não sei quanto tempo ainda terei. neste momento paro; olho para o relogio novamente que agora marca 23:49 quatro minutos já se passaram então. Vamos! continue o tempo está rodando você não pode parar, eu.

Preciso me organizar, preciso me organizar.
Mas o que devo fazer já que minhas partes estão agora dividas? tenho que juntar-me novamente.
Juntar-me, me refiro a um grande golpe ou caída de um 48º andar. mas sobrevivo.
E é aí que o outro eu dividido, este outro eu que não tem forma, me leva a recomposição de mim mesmo.
_Monto, e desmonto-me.
_É o que costumo fazer, metamorfose.

Agora preciso de ar, inspiração.
sou tão desprovido de talento, mas quero. como uma criança com capa de voar.
musica que me toca. quero.
_Quero toque, quero corda. amarrar-me em mim pra não me deixar soltar.
mas sou passarinho, e passarinho preso não canta mas lamenta. sabemos.

Olho pro meu passarinho, ele não está preso. mas leva a gaiola consigo.
gaiola esta, que ele mesmo usa para se defender. esconde-se.
Volto para dentro.
_ penso que liberdade não é pra mim, não saberei eu dar conta. não sei.
_ Mas quero ninho, não gaiola.

Canto, e o que canto mais parece um lamento. mas você não entenderia.
é plenitude, é leveza, é dor sem culpa.


Folha 1. (ou continuação do que não deveria ser dito)

           Hoje em meu trabalho, quase não sustentei minha armadura.

Acendi um cigarro, olhei pra chuva, e sem querer deixei cair meu escudo.. lagrimas de mim tentavam sair.
lutava.
_Eu não deixei.
Fui ao banheiro rapidamente e ali, fechando a porta atras dela no escuro fiquei. dois minutos, não chorei, suspirei, recomponho-me.
A escuridão as vezes me conforta, nela não vejo nada, mas sei que ela me vê. fecho os olhos, sumo.
escuridão de mim toma conta. ECO.
Agora acendo a luz, levo minha massa até o espelho e deparo-me com aquele rosto nu; nu ainda sem mascara ainda se recompondo com a luz. agora crio nela.
_Outro suspiro. seco minha cachoeira entupida.
Aqui está ele novamente! não sorrio.
apenas me olho e sei que agora já estou com meu escudo em mãos, na outra mão me falta ainda espada.
Pois guerreiro completo ainda não sou, fujo de guerra.
_ ou seria eu um ultimo guerreiro que de tanto lutar já perdeu sua espada?
 Mas este desconheço, sou péssimo para inventar historias que não vivi. Acabo de perder uma batalha,
batalha de mim, comigo mesmo. Onde o golpe é chuva.
Chuva que racha minha armadura humana. Quero dançar.