But i try..

But i try..

quarta-feira, 26 de novembro de 2014




— Pega o verso!
— O que?
— Pega o inverso!
— O universo?
— Pega a minha mão..

Vento.
Folhas caídas rolando pelo chão das calçadas, entre barulhos de buzinas, carros, ônibus. A folha grita.
Um fim de tarde rosado, o vento sopra o teu cabelo que não tens. E tu piscas, eu pisco e a gente "psiquê."
Enrolas um palheiro entre o dedos, como na pressa suave de um trem bala, me olhas lentamente e com um ar caleidoscópica me diz:

— Beibe, Come'on beibe.



Subo no teu sorriso, me balanço no teu charme e giro na tua dança.
Avoa as trança.
E lá se vão eles pela calçada, flutuando.

Parada Obrigatória, mais um Gole!

— Mais rápido! Levantando os braços aos céus gritava, para que o mundo inteiro pudesse ouvir.
— Mais rápido!

Ele, empurrava guiando pelo o caminho velho nunca antes explorado. Ele corria. Vento no cabelo, de olhos fechados já podia ouvir uma canção.
Ela, abria os braços e respirava o ar de fumaças da cidade cinza. 
Ela, abria os braços a procura de pássaros. de Elefantes e da Leoa.

A musica que ele ouvia, eram o choro das arvores, o sino da catedral, o sinal que se abria e entre os barulhos dos carros ele procurava; Ele procurava o barulho do mar nas folhas de palmeiras.
E a moça do outro lado da calçada no seu telefone celular, ria.

— Lá vão eles,.. os loucos!

"Os alquimistas estão chegando,
estão chegando os alquimistas."





sexta-feira, 7 de novembro de 2014


A porta do prédio continua não fechando as vezes,  tereza continua subindo no pé de amora, continuo indo dormir tarde, continuo acordando no meio dos meus sonhos, as vezes vejo o amanhecer e durmo de novo, rego plantas, algumas secaram mas acho que com o tempo, outras irão florescer. como a orquídea que logo pensei que já havia despedido-se de mim, sorriu. ainda chego atrasado 7 minutos no trabalho, as vezes mudo, as vezes não-mudo, caminho me pego distraído olhando casas, fotografando arvores, pixando muros, "escuta o que te digo não é o que te digo e sim outra coisa" "eu não tenho nada antes de você ser eu sou" o tio do mercadinho continua falando - Show de Bola! quando eu digo Muito Obrigado.


Reencontrei amigos de anos, tomei tal coragem que desconheço te entrelacei com meus olhos, te disse palavras que não precisariam ser ditas




 

sábado, 18 de outubro de 2014

Sobre ouvir Chat Baker em dias de chuva



Ao som de Chet Baker, encosto minha cabeça na parede úmida, lá fora a chuva parou.

No silêncio dessa madrugada somos eu e você, você quem? Quem está aí?

Tranquei a porta, e não sei onde deixei a chave.
Aperte a campainha da próxima vez. quero te ver tua imagem retorcida no olho mágico. Minhas mãos estão dormentes, já estou na terceira taça, mas já foram 2 pílulas ao som do piano, tudo é
slow
       d.
          o.
             w.
                n..

                     ... tudo é divino e maravilhoso.

— Ah me deixem! Me soltem, me deixem saltar!
Não há mais motivos, para não querer voar, eu
                                                                             quero 
                                                                                        voar

eu quero voar, quero voar com ele.

Trompete que toca, que pouco a pouco já vou me entregando.
Viro a taça no tapete, por cima do meu rosto e peito, já não me importa, quero fundir latifúndios dos reinos do nosso coração. e em notas musicais propagar por aí. Folhas de notas molhadas, cabelos encharcados, vinho e sal que caem dos meus olhos. Estou a me entregar deitado no chão, de taça na mão, no deleite do som, do coração.
De olhos abertos fixados naquele furo bem no alto do teto, adormeço
e a chuva volta.
— Psiu, tu que está aí.
apague a luz e não deixe ninguém entrar.

(sobre ouvir chat baker em dias de chuva)















— Hoje segunda-feira 04 de agosto ainda deitado na cama pensei no meu pai.. ja faz 9 anos que não nos falamos e não sei mais noticias, pensei sozinho e voltei a velha segunda. O telefone tocou o numero era desconhecido: Era ele, Meu pai.

nos falamos por alguns minutos, o ouvi paciente, ele me disse que estava escrevendo um livro. E por um momento ali parado em frente do vidro da janela, ouvindo ele falar, em meu reflexo vi meu pai. Senti forte vontade de abraça-lo. É, talvez sejamos um pouco parecidos como dizem. Aspirante, artista, tatuador, musico e destemido. Tenho orgulho dele apesar dos problemas, ele nao sabe disso mas hoje foi um dia especial pra mim.
Ele disse: Eu te amo meu filho.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

— Que horas são?— Pra que quer saber?






— Na mesa do restaurante, sentado com as mãos entre as pernas eu confessei; eu confessei tudo que estava me afligindo, contei sobre os problemas e sobre algumas dificuldades da vida. Eu, filho deserdado que saiu de casa ainda adolescente.. abaixei a cabeça, fixei o olhar no sapato gasto e a saia comprida. esperei uma palavra de conforto, um barulho da cadeira arrastando e talvez um impossivel abraço de surpresa.

Mas não, determinada ela disse:
" Tudo isso que vc está passando, é a vontade de Deus nosso criador.. ele tem um plano na tua vida. Eu posso te ajudar meu filho, (mas só) se tu aceitar a Jesus, sair deste caminho torto " eu a interrompi, interrompi imediatamente.. com lagrimas nos olhos eu disse: cade a minha mãe? .. cortamos o assunto ali mesmo. Arrastei a cadeira. levantei da mesa e fui embora.
Voltando pra casa, cheguei abatido mas não chorei. Hoje pela manhã levantei da cama, liguei as caixas de som no mais alto volume e DANCEI
DANCEI
E DANCEI
QUEEN! - Dont Stop Me Now!






terça-feira, 22 de julho de 2014


Ah, mas a minha gente. gente,
é a gente!

Todo mundo unido n'um só abraço

                                                       Deixa eles serem
                                                       Essa coisa toda
                                                       Essa gente tanta

Folha 24.





Durmo, acordo.
Encosto minha testa na parede fria. congelo e tudo a minha volta pega fogo.
Pega fogo na cozinha, pega fogo na sala, pega fogo na outra sala, pega fogo no corredor, pega fogo lá fora.. buzinas, alarmes assoam, mulheres e homens correm atras de garrafas vazias. e eu sou o liquido.

Tudo inunda, tudo aqui é submerso.
É meu descongelamento que grita. São camadas que derretem, minhas geleiras desmoronam-se. mas continuo sólido. e tudo perto de mim é mar.
nado dentro de mim e encontro navios abandonados, cavalos marinhos, sereias de cabelos rosados.
Cantam um bela canção que é mais ou menos assim:

_______________________________________________________


Ouviu?
A canção fala sobre um cavalo, um cavalo que vive dentro dela. 
Ele trota em seus campos que nunca são pequenos, suas montanhas são tão altas, seus bosques profundos e seu quintal é imenso. Ela beija o focinho do cavalo, me olha suavemente e me diz:

 — Agora você deve cuida-lo.

Sirenes ecoam. Arrobam a porta!
E ondas verdes espumantes agora saltam em câmera lenta, levando tudo o que vem pela frente.
Como uma porta de trem que se abre ou gota que faz transbordar o invisível.

wake up!
A geladeira já descongelou.







domingo, 13 de julho de 2014

Folha 23.




Mas eu sou assim, como apressado e tomo café antes de dormir
saboreio um doce de cada vez, apesar de preferir salgados.

Mas eu sou assim, falo, escrevo.. 
depois penso no que pensei e nunca é o que queria pensar.
Eu nunca estou certo. Não há coisa mais pacata, equivocada do que estar sempre certo.
eu vou errando enquanto o tempo me deixar. sou cheio de duvidas. e nunca me engano.

Mas eu sou assim,
me desperta vontade em ver aquele filme que não gostaram, aquele livro de capa velha e também aquele muito novo sem capa alguma,

  aquele que não fez sucesso sabe?
—  um sucesso desconhecido?
—  isso! esse mesmo.
isso pra mim é um tesouro! 


Esses me pego amando, alias amar pra mim é prioridade, uma paixão por explosão de sentidos.
Sou daqueles que não consegue odiar, mas sentir pena.
Sou sincero; e minha sinceridade assusta. Revela.
Mas também gosto de colorir.

Mas eu sou assim, 
Não sou sofá estampado nem quadro para ficar admirando. eu grito!. falo alto e em silêncio.
Não preciso saber de tudo, gostar de tudo, concordar com tudo. para mostrar para alguém ou além, que sei/sou alguma coisa. o que sei é coisa-nenhuma. não sou coisa-nenhuma meu amor.









sábado, 12 de julho de 2014


Disseram-me uma vez que as palavras pra mim: era como uma caixa de surpresas e que eu sabia usa-las. O que eu desacredito total nessa possibilidade. No entanto ainda estou descobrindo, nas descobertas de minhas cobertas. E o que tenho escrito não passam de tolices que não te digo.

 — Algumas delas sentiram-se próprias de vontade de ser tornarem vivas, lidas e compartilhadas..   

 Portanto amigos queridos, neste mês de meu aniversário quem ganha o presente é vocês. Tem bastante! Tá afim de ler um? joga teu endereço pra mim aqui na caixa ou aqui: emailjoenicolay@gmail.com

Te mando por correio, pela garrafa, pelo pombo. o importante é ler. e se não gostar, tudo bem. eu também não gosto de tudo rs
— Mas me sentirei honrado e estas tolices vivas.

o Livreto é presente, mas a contribuição é espontânea.
Agradeço o Atelier - Blanc Pages por me apoiar.
e pelas tarde costurando livreto regadas a café forte (:


Folha 22.



Uma vez quando me perguntaram qual seria minha vontade.
Respondi na mais sincera verdade, que minha vontade era de deitar nos trilhos do trem, e ali
esperar ele vir, só para ver ele passando,..
passando..
passando.

Alguns chamariam isso de morte, mas eu chamo de vida.
A gente precisa se arriscar as vezes, a gente precisa parar avenida, tirar os sapatos, andar de pés descalços até a ponta da ponte, tomar um gole na garrafa de um desconhecido, beijar a criança na testa, pegar a mala, a estrada, .. a mão.

Deixar a porta aberta, dormir de velas acessas, descer escalando do quarto andar, ficar trancado, esquecer as chaves, o guarda-chuva, o livro e o juízo.

Mandar cartas erradas, trocar telefones, mandar flores sem motivos.
não responder aquele email, ligar para saber como está.

Andar de olhos fechados por 27 minutos, rir sozinho em frente do espelho, colocar sal no café, cantar uma canção do Roberto, ser atropelado por uma bicicleta, comer um xis de moranga.

Tomar chimarrão, pedir muda para o vizinho e depois lhe falar de: como sua vida anda sem aventuras.




terça-feira, 1 de julho de 2014

1 curta pra terça ou novo ciclo


"As pessoas já não sabiam se era alguém que morria ou alguém que nascia... Mas uma coisa era certa: ninguém se importaria de partir assim."




segunda-feira, 30 de junho de 2014

carta aberta para outra amiga ou desabafos com ela



.. ah tudo bem sabe. são coisas da vida. bobagens que depois passam. Confesso que fiquei chateado. e confesso que é não a primeira vez. Tenho sentido uma energia pesada rolando.. e não quero ficar colocando lenha nesse fogo. quero gente de bem, não gosto desse tipo de relação, quero; como dou atenção igual para todos meus amigos, e gosto, e faço questão que todos se conheçam amizade é isso, é afeto, é companheirismo, é educação, é pegar na tua mão e dizer vamos lá, mesmo na lama, com os pés encharcados, dar passos juntos, mesmo sem saber aonde vai dar aquela trilha.. 

relações por interesse, relações de posse, de inveja não é pra mim. portanto irei me reservar e limpar minhas botas. e também estou num momento mais introspectivo na minha vida. prum bem maior. e é só isso que quero. o BOM, então quem quiser que venha comigo e vou entrar nessa dança contigo.
porque tu sabes, que eu só sei dançar com você.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

carta aberta para uma amiga


[..] talvez a insatisfação com as coisas. ando chateado com as pessoas e a nossa cidade. os projetos não andam, não há incentivo, não há cumplicidade, acho que porto alegre não é pra mim. ela me suga e esta me definhando todo. ando cansado de tudo, até de pessoas. mas ainda sobrevivo pra ser.
ando abatido, pois cada dia chego a conclusão comigo mesmo que não pareço ser feito daqui e para aqui. cada dia que passa me decepciono mesmo sem antes me deixar decepcionar. não me vejo, não me identifico com outros que de minha especie que deveriam ser chamados de humanos (...) e chego a conclusão que gente não sou. mas sou humano. talvez seja este o grande desafio, a identificação, a amizade, a honestidade, a pureza das coisas como elas são, a mais profunda veracidade das coisas sem serem estas construídas ou pré-cozidas e absorvidas pelo que nos é dado. Não gosto de embalagens. Luto pra sobreviver, e cada dia o meu anseio é buscar o verdadeiro. nu e cru. e belo.
é minha amiga, tenho conexão grande contigo mesmo não estando perto de mim. sinto sua alegria e seus pulos contagiantes. vejo como parte de um outro eu que assim me gostaria ser. (como as vezes surge). Mas procuro entender, e saber sempre dos meus problemas porque sou meu próprio remédio. E cada dia que passa, sei que este mundo não é feito para pessoas à pele da flor.
Ao menos porto alegre me fez conhecer pessoas que guardarei pra mim, pessoas como você. Saudades.



domingo, 22 de junho de 2014

Hoje entrou correndo uma moça de uniforme, dizendo:
moço tu procura essa musica e imprime essa letra pra mim? eu passo aqui depois e pego é que dei uma fugidinha. 

Então eu procuro a musica, não encontro a letra e lugar algum.
paro, ouço, penso. e resolvo escrever a letra no word mesmo
vou até no trabalho dela (que é na esquina do meu) ela me olha com espanto ainda ocupada. dobro o papel e entrego disfarçadamente em cima do balcão. ela pisca com um olho e me dá um sorriso tímido. pois a musica falava de amor.

a letra falava de amor por colega de trabalho.

quinta-feira, 29 de maio de 2014



" A linguagem é o meu esforço humano. 
Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas.. volto com o indizível.



terça-feira, 6 de maio de 2014

Folha 21.

Eu vi,
Eu vi um Zepellin, eu deveria ter nesta época uns cinco ou seis anos, comia balas 7 belos, deixava feliz aquele pirocóptero de girar com as mãos cair em cima do telhado, comprava sonhos na padaria com a Eliana e metíamos o pé na lama.

Taí, João de Barro
era o nome do primeiro bairro de onde tenho as primeiras lembranças desta vida, bairro; se é que podia se chamar aquele amontoado de casas novas sendo construidas, terrenos sem cerca, crianças correndo soltas, pulando buracos, valetas, jogando futebol, bolitas, tacos, peão, empinando pipas em meio de muito barro vermelho e sacolas plásticas nos pés. Ah tinham as mães solteiras com filhos, tentando construir sua historia. (ou reconstruir.) Ali, naquele pequeno bairro que se formava, eu teria as mais belas historias pra contar.
Ali, eu começo a me lembrar da pequenina grande-mulher que me deu a vida. minha mãe.

Susete, era o nome dela.
Escrevia ainda com nome de solteira, tinha letra bonita (das de médica) daquelas indecifráveis. (Ela e a letra.) 6hrs da manhã, pulo da cama, beijo na gata Mimi, veste aquele blusão azul com boneco colorido estampado, a estampa era de tecido aveludado já a lã era azul, azul-celeste.
Salto na garupa da calói, e lá vamos nós; tchau até logo Mimi.
Vento no cabelo e algumas canções cantaroladas pelo caminho acompanhadas sempre por ela, naquela pressa mais suave da manhã corríamos entre buracos e esquinas, avenidas.. eu colava meu rosto em suas costas e apertava com meus braços pequenos sua cintura, fechava meus olhos e ali mesmo voava (ou dormia) naquela época, com a mente aventureira pensava eu que existiam sim, carros voadores. (como aqueles dos filmes do De Volta para O Futuro).

Café com leite, bolacha maria, colchonete, hora pra dormir, hora pra andar de balanço, hora do conto e pular na cama de mola, de montar castelinho (aqueles de tijolinho ou cubos de madeira)  sujar as mãos, mexer com abelhas, ter medo daquela boneca medonha sem cabelos, vacina na bunda, palhaço, choro, muito choro, CRÉCHE.

Lá no João de Barro, tinha a dona Maria fazia sua feijoada no fogão a lenha o seu João escutava seu programa diario (naquele radio-relogio) sempre fumando seu velho e bom palheiro. sempre dando aqueles bons conselhos:

_ Não pode engolir chiclé, senão gruda nas tripa ( e faz mal pro coração)
_ Coloca um chinelo nos pé, se não vai pegar uma friagem!
_ Não pode misturar melância com leite. Nem tomar banho depois de comer.

A mãe batia na porta, (abre a tramela!)
Já era hora, já era hora. Cansada, abatida, depois do trabalho integral nas casas, nos predios, nos bairros de cima. Já era hora, comida na mesa, alguma revistinha de pintar, cafuné e cama pra mim.
Já quase adormecendo, fechando meus olhos sonolentos ainda guardo em minha memoria, imagens daquela mulher de 23 anos, soltando seus cabelos negros em frente ao espelho e cantando musicas do cantor que ela mais gostava:

"Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo..


 ..escrevia, como estou te escrevendo agora.
as dela eram letras apressadas, eu criança não compreendia mas costumava pegar alguma caneta e fascinado já queria ter diálogos com a letra. Circulava, subia e descia lombas tremidas. Não sabia, mas já estava sendo.

Hoje sei que nas letras tortas, existe algo.
pra mim eram apenas montanhas, desenhos circulares no canto das folhas, âncoras, homem de óculos e cabelos encaracolados, rabiscos fortes e folhas amassadas.
Penso como transbordar-se e depois recompor-se do que foi esvaziado.
Ou seriam tolices que não foram ditas?

_ Já disse, minha mãe é indecifrável.








quinta-feira, 1 de maio de 2014

Folha 20.

Eu sou a sopa que pousou na sua mosca
sou a pedra e as ataduras em teus sapatos

sou aquele que invade seu roteiro e mexe na sua sinopse
aquele que aplaude em pé observando a beleza, sou ladrão de olhos, de loucos, de bobos
sou aquele que pega pela tua mão-elastica e enrolo-me todo
pego tua estrada e me perco em teus cachos, tuas orelhas, tuas estrelas, tuas marias, tuas joanas, teus cruzeiros em terras desconhecidas, tuas girafas ligo
arranho, mordo e arranco pedaços de teu doce, roubo tua mais bela flor
e enfeito meus cabelos, te bebo inteiro, te fumo inteiro, te danço inteiro,
te trago, te tramo, te temo, te solto, te perco, te acho, te tenho. observo teu passaro de penas coloridas voar proximo de minhas arvores, de meus bosques escondidos atras daquela neblina do pensamento, meu reino invisivel de terras umidas, ar freco e folhas de amoras, florece. sou o lobo que uiva, a coruja em tua janela
a flor no teu criado mudo, a água que te rega, a frase escrita perdida
dentro daquela pagina
lida
mas não dita
maldita

preciso de uma colher, já cansei de comer sopa com garfo

Folha 19.

Sonâmbulo Sonâmbulo,
Que voz é essa?
porque é que este gemido me acompanha?
Até que dia vou me intoxicar com aroma de paixões ardentes destas serpentes
Até que dia vou viver nesta Sodoma,
margaridas e lírios florecem
Me entorpeço inteiro

Contemplo reflexo de mim, no observatório em que me encontro neste quadrado gelado
colo meu rosto no espelho, degenerado conto a mim mesmo: ____________


Observo a aranha descendo da lâmpada, tecendo sua linha fina de sua próprias entranhas
e eu sou o perigo
e eu sou o perigo

A luz do quarto escurece. vem a mim imaginações dementes
Desfaço os lençois. Choro e quero beber de minha água.
Me ensopo! abro a janela deleito me na tua lua. Me enrolo em tapete de estrelas


Outra vez terei que sacrificar-me, para não haver mais suspeitas.

segunda-feira, 28 de abril de 2014




02:47

panela, agua fervendo, tempo correndo, não é mais duas e quarenta e sete
panela, agua escorrendo, cebola picada, curry e manrejicão
prato pra 1, tv ligada, 3 segundos pra mudar canal, 3 segundos pra mudar de canal
enrolo garfo, espaguete na barba, tv ligada
filme passando, enrolo garfo, espaguete de novo, 3:2:1 que cena bonita essa do aeroporto
você não sabe sobre geografia mas aquela cidade fica neste mesmo estado, 6 horas de carro, 28 de balão. isso foi uma pergunta? não, isso não foi uma pergunta, garfada, engulo, emociono, choro.
queimo a língua.

que besta esta cena, rio com sal nos olhos, mastigo
rio de novo
prato pra 1 sofá pra 2
eu e a gata tereza
dormiu nega?
acho que vou ter que lavar a louça

domingo, 27 de abril de 2014

Sobre goles & garrafas




















— Aceita um gole?
Hm boa! o que é..

Beijo

É de maça
Hm boa a maça mas tem algo a mais aqui
Pois então, diz que tem..

Mais um gole

— Mas tem que provar mais.

Acabamos a garrafa inteira.










quinta-feira, 24 de abril de 2014

Rabisco cometa


Foi assim, foi ali
que conheci ela

Foi como um cometa, como quem tem dialogo com a lua reconhece
cometi então o ato da graça
Olhar profundo, sorriso tímido, mãos frias
e coração quente, latente, já era hora,
já podia sentir em segundos que lá vinha o impacto:

_ era aquele abraço de marciano, meu amigo.

Que só quem é marciano, sabe o que é ser marciano

Essa pra você, minha amiga de mãos frias
e coração quente.



Rabisco dont care


domingo, 20 de abril de 2014

Folha 18.

La estrada
está em nós mesmos.
tem gente vê caminho na mãos
ouve corações
segue as linhas de tuas pulsações..

Saber o que quer, e pra onde vai. Quem és.
nunca soube.

La estrada
está em nós mesmos.
o atalho também
o caminho aquele não descobrimos
da linha da mão ao dedão
abrimos..

Hoje vou fazer uma trilha em mim
Hoje vou sair de minha estrada
e vou pegar um atalho por ali
fazer uma busca aqui
ir atrás de mim
pra me encontrar lá

Se serei feliz eu não sei, mas já não tenho medo
porque acordar já é fazer-se.

Hmm sinto cheiro de café.




quinta-feira, 17 de abril de 2014

Folha 17.

Palavras de amor, não digo
o que digo é aquilo que não posso descrever.
não sei falar sobre amor. pois amor fala por si só.

Amor este que não tenho. mas bebo
engulo, transbordo-me. me encharco todo
Amor; ainda não tenho sua formula. mas sei que é secreta.

O que sinto ainda não tem nome. me amo? devo me amar?
não acredito nessa possibilidade.
_Se amar-se é ser ego. não quero ser!

Quero me desamar então!
Quero me descontruir.

pra construir em mim, algo que não sei
nem para quem. Ora! pra mim mesmo!
mas não chamaria isto de amor-proprio.

Amor, não deveria se chamar de amor. entende amor?
devíamos chama-lo não pelo seu nome, mas pelo seu sobrenome.

Alguém sabe?

desenho de guardanapo meu




terça-feira, 15 de abril de 2014

Folha 16.



Necessidade ou fardo.

Necessidade inexpressiva impulsiva de querer sem saber como expressar. canso
paralizo, penso. vago. dialogo de mudez com a lua





pego teu trem..
viajo.

volto! por que te amo
viajo porque preciso.

 Freio.
 balanço.
 ,av a n ç o

sigo
trilho
( ) vagão sem conclusão.

_desprogramar o ultimo ato. ajustar despertador.



sexta-feira, 28 de março de 2014

Folha 15.

Nas descobertas de minhas cobertas
descubro eu; descubro tu.

Viro meu meu rosto no espelho, canto, converso
e tudo mais jogo num verso.. intitulado mal secreto.

Quero correr no campo dos teus olhos, nadar em tuas águas
Ligar tuas constelações nas minhas.
Escalar pelo teu pescoço até a tua nuca.
Viajar em teus cabelos; beijar tua bunda.

E ver de longe o que nunca foi meu.
Sou feito de frações de segundos, sou feito de inventos do coração a ponta do lápis
que te escreves neste momento. te invento. ainda te invento.

Pois se sou eu o criador deste encanto, bruxo de minha própria magia.
Te quebro, arranco.



_
Voltei, pois ainda não acabei de ter dialogo contigo. alguns minutos já se passaram desde minha ultima linha. estava eu recompondo meu quebra cabeças que nunca completei. Pensara que seria forte o bastante para encarar aquilo que desconheço. Pois a verdade é: me encanta aquilo que não sei. Não suporto obviedades. Detesto certezas. Vivo do incerto; e ele me parecia bom. Tão incerto que agora já não tenho mais certeza sobre meu invento.
Sou tolo.
Tolo, que vai em busca de tesouros em um mapa desconhecido que lhe deram.
E se atrás daquela montanha não houver arco-íris? Quem saberá dizer? o escalador, o alquimista perdido. ou você e eu devemos encontrar a resposta?
Escalo montanhas, pego barcos sem bússola, mas com remos sempre em mãos.
navego.

Entendes agora a descoberta que estou a fazer? Estou chegando a conclusão contigo amigo,
que o impossível.. Ah o improvável: Ele me fascina!

Tolice.