But i try..

But i try..

sábado, 3 de dezembro de 2016

estilhaço




Um dia você come, bebe, deita, dorme mal. range os dentes, sente frio, treme, suspira, geme de desprazer, acorda no liquido do seu proprio poço envolto a lençois ensopados de suas proprias lagrimas. Wake up sonhador, já é hora. Uma dia você come, bebe, dorme bem. beija, lambe, chupa, morde, geme de tesão, acorda em cima do poço envolto a ninho de passaros, corvos ou de serpentes ardentes. aromas ardentes. Um dia você ama, outro dia ainda ama e noutro dia só espera ser amado. Vai ao espelho, olha-te nu. te enxerga bem? o que de além tem? o que tu vê? o que veem atravez de ti? 

"belezas são coisas acesas por dentro. tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento." 





2016 mais um ano vai, mais um ano vem. e o que demais tem? a cada dia chego a conclusão comigo que nada mais ainda vai me surpreender. Em mim não vai mais caber espaço pra tanto estilhaço. 
fortaleço-me. 
com eles cria-se minha armadura.

domingo, 21 de agosto de 2016

Vem buscar a tua ausência

Vem buscar a tua ausência.. antes que passe.
Melodia-me.
Atravessa o silêncio sem medo de escorregar na casca das palavras mais duras.
Segue em frente em legítima defesa do sonho.
Despenteia o sentimento.
Enfia um sorriso na boca, mesmo quando não houver beijos para receber.Vem amor.Vem buscar a tua ausência antes que passe.
Não acredites se um dia te disserem que é impossível transformar uma lágrima em poesia.
Alegria-te.
Deixa - me ser o poema. O abraço que te agarra por dentro. O beijo de ida e volta.
Porque não interessa quantas distâncias cabem dentro de um adeus.Não interessa quantos regressos tem uma despedida para sempre.Longe é voltar atrás.O que interessa é ser feliz, nem que seja por um pouco de eternidade. 

sábado, 20 de agosto de 2016

Por Não Estarem Distraídos


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não.

 Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.

 Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.
 Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
 Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
 Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

[..] Solte as rédeas dos teus olhos



[…] e as pombas do meu quintal eram livres de voar, partiam para longos passeios, mas voltavam sempre, pois não era mais do que amor o que eu tinha e o que eu queria delas, e voavam para bem longe e eu as reconhecia nos telhados das casas mais distantes entre o bando de pombas desafetas; que eu acreditava um dia trazer também pro meu quintal […]

..o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição? que instante, que instante terrível é esse que marca o salto? que massa de vento, que fundo de espaço concorrem para levar ao limite? o limite em que as coisas já desprovidas de vibração deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia para ser vida nos subterrâneos da memória;"

[..] Solte as rédeas dos teus olhos.
Raduan Nassar - Lavoura Arcaica

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Nós que acreditávamos tanto

[..] e acreditávamos que um dia seríamos grandes, embora aos poucos fossem nos bastando miúdas alegrias cotidianas que não repartíamos, medrosos que um ridicularizasse a modéstia do outro, pois queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras, mas nos cantos daquele quarto tínhamos força sangue esperma, talvez febre, feito tivéssemos malária e delirássemos juntos navegando na mesma alucinação que a matéria fria da guarda da cama não traz de volta, porque tudo passou e é inútil continuar aqui, procurando o que não vou achar, entre livros que não me atrevo a abrir para não encontrar seu nome, o nome que teve, e certificar-me de que a vida é exatamente esta, a minha, e que não a troquei por nenhuma outra, de sonho, de invento, de fantasia, embora ainda o escute a dizer que compreende que alguns outros devem ter sentido a mesma dor, e a suportaram, mas que esta dor é a dele, e não a suportaria, e saber que tudo isso se perdeu como o calor do chá de jasmins esquecido sobre o piano, e então.

  — Caio F.( O ovo Apunhalado pág.42 )

domingo, 31 de julho de 2016

Memorias de garrafas

Era você
Era você que apertou o interfone subiu no meu refugio, entrou no meu poço e abraçou minha alma.
Eramos nós
Eramos nós naquela tarde cinzenta em que você veio me trazer um vinho e me tirar de casa, lembra? ainda guardo a garrafa com data marcada El Ciprés Mendoza 2009
Eramos tão jovens, completamente cheios de vida, de natureza morta, de copos cheios, corações jovens já doídos e de sonhos inacabados. e novos ainda guardados
Linda, completamente lindos e insanos corremos entre as calçadas ainda com a garrafa nas mãos entramos ali. Me arrisco arriscar um risco Te marco em meu braço pra sempre, em cada gota de tinta que perfura minha pele tenho eu, tenho tu. 20 anos ali
Irmã de peito, irmã de coração, de risco, de risada e confissões.
Ainda carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.



sexta-feira, 29 de julho de 2016

[amadores]



Esse é o grande problema do que um dia foi Nós: você achar que eu te odeio.
Não se garanta, o que me interessava em você era o amor porque a falta dele me faz um ninguém, e é exatamente isso que acontece: sentir falta, não da pessoa em si, mas sim do sentimento, e a falta de amor é tanta que te faz até pensar que o que falta é da pessoa, quando não. É maravilhoso amar alguém, o amor entra por cada célula do seu corpo e age como oxigênio para os tecidos, o amor te inspira, te renova, te faz acordar 5 horas da manhã e ser feliz e é exatamente isso que sinto falta em você: O que você me proporcionou.E eu fico feliz, de verdade, em ter quebrado a minha cara, fico feliz porque eu sei que fui cem por cento verdadeiro quando olhei em seus olhos e pensei que era você, mas não era.Não foi você, mas foi com você. Foi com você que o amor chegou até a mim e me deixou com coração puro e só por isso valeu a pena. Eu não te odeio. Eu te agradeço, você foi um veículo transportador para um sentimento tão importante para mim. E apenas pelo fato de não odiar você mesmo com todos os motivos do mundo me faz um vencedor. O amor valeu a pena. Eu amei amar você.

domingo, 24 de julho de 2016

Deixa fluir..



Deixa fluir
Deixa florir
Deixa o que for
Ir...
Ao encontro com a possibilidade
Se jogar
Ao mar
Almar como verbo de intensidade
Abrir o corpo às múltiplas cores que nos atravessam
Sentir cada centímetro de nós se transformar em quilômetros
Extensão ... ex-tensão
Ir até onde não fomos ainda
Experimentar maneiras de existir inéditas
Deslizar por entre possíveis
Rasgar os manuais, os diagnósticos
E inventar nossos caminhos e (des)caminhos
Não há razão sem loucura que a atravesse
Coitados daqueles que 'vivem' sem experimentar sua loucura, seus desvarios, perder as rédeas, as estribeiras...
Libertar-se das amarras que nos dizem como DEVEMOS ser, estar, falar, sentir...
Perder-se no caminho, rasgar o mapa que nos leva a uma felicidade artificial, comercial, figurada na televisão
Não adianta a religião, a medicina, a Psicologia tentarem inventar caminhos pré-concebidos
É preciso inventar nosso caminho, perceber com os poros o que nos faz vibrar, captar que forças nosso desejo agencia e compor nossas cartografias, mapeando em ato o que nos faz devir-rizoma
E o que tente nos fazer desamar, desabar, desalmar que possamos desamarrar...
Predicados pluralizando o que faz o mar infinito
Desfazer do que está posto, do rosto, do eu, do ser
Existem um milhão de forças virtuais do Fora entre mim e você
DiferenCrie-se todos os dias!
Em meio a uma porção de deveres
Um milhão de DEVIRES!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Essa eu escrevi pra você

É, eu sei. Eu me pergunto também que trem eu peguei pra descer neste ponto.
Ponto, virgula, reticencias. whatever.  
O que a gente espera do amanhã de manhã? Tu vens, tu vai?  Tomas um gole e me olha perdido, como se fosse peixe dentro de uma xícara de café preto amargo e sem açúcar.  
E quem está aí dentro ou quem quer sair daí? Tá vivo?

A proxima sessão é as 19h, aquele filme com a Sophia Loren de 74, que provavelmente você nunca assistira porque dormiria em todos. Essa sala vazia, queria ser viva. Película antiga sabe que muitos outros antes de você e eu, se fitaram aqui. 
Eu, ladrão de beijos.
É, talvez eu tenha gostado de você. Ou talvez não. De algum modo eu já sabia eu já sabia eu já sabia que você não permaneceria. É, talvez eu tenha gostado de você, talvez fosse paixão eu não sei, talvez eu pudesse te amar um dia eu não sei, talvez eu tenha gostado quando chegávamos tirávamos a roupa e transavamos loucamente, pela porta, pela parede, pelo espelho, pela mesa ao som daquele album vermelho do Caetano. Esse mesmo. Fumava um cigarro, me olhava completamente nu, completamente louco, completamente lindo. E eu pensara meu deus vai ser o meus caos mais bonito. Daí deveria ser aquela hora que eu deveria seguir o que está no script, vestia as roupas calçava os sapatos e ia embora, mas naquela noite eu fiquei. Eu quis ficar, te abraçar por tras, na cozinha, no banho, no espelho, te apertar no meu peito e só ficar ali. Olhe lá onde estou me metendo. Achando que estava agradando.

Verborragic(alma) eu verborragicamente falo. Tu me olhas analisando, provavelmente tirando conclusões precipitadas e erradas ao meu respeito. Por mais que eu me coloque no teu lugar, eu ainda vou pertencer a lugar nenhum desta porra-de-mundo meu bem.  Porque eu sei a dor e a delicia em nunca ser aquilo, que queriam que eu fosse. Não se cobre tanto, permita-se voar do ninho um pouquinho, eu adoço a vida com empatia, escolha, surrealismo e realidade e eu tenho um punhado de sonhos doidos pra dar certo, a gente aprende mesmo é quebrando a cara meu caro, sendo expulso de casa, trabalhando todo o dia, comprando uma passagem sem saber onde vai dar, e se por acaso não der .. amanhã vai ser outro dia sabe? Visto meu traje vermelho, pilho meu olho de escuro e saio a na rua, saio na luta.

Baby, you dont know me, and you'll never get me know me. Eu vim de um planeta distante, desci aqui de balão e tenho uma missão, tem um barco me esperando pra proxima estação. Diz que vai me levar pras franjas do mar um dia. E você, ah você ainda está na beirada da porta. Talvez eu te leve sementes em um dia de primavera ou quando você sair do seu edredom, venha até mim. Eu não te prometo que as coisas sejam perecíveis, mas aqui tem estoque de sinceridade e amor. Tem-muito-amor. Amor não é falta, nem saudade, devemos cuidar o que está por perto, não o que está longe do jogo alcançado. Antes disso, tome de um gole de realidade, depois venha passear no meu jardim, talvez em mim. Bilha vai, bilha que o sol bate na tua janela, é só deixar ele entrar. Eu caleidoscópico, bebado, sereno, disperso e incerto. poetico, eletrico, hermético, pragmático, pulsante e selvagem. Vivo, (in)sensivel, instintivo, ácido, simpático, apático, confuso e cruel. Erratico, elástico, enfático continuo aqui... raptando loucos, sequestrando sorrisos, roubando beijos. E escrevendo historias como essas que ninguém lê.




Verborragic(alma)


A verborragia e o meu apreço por pessoas que se mostram por inteiro Verborragia: ”compulsão para falar, loquacidade exagerada que se nota em determinados casos de neurose e psicose, como se o paciente, assim, quisesse dar vazão ao grande número de idéias que passam por sua cabeça; logomania” Li esse adjetivo em algum lugar e incluí-o, imediatamente, no meu vocabulário em eterna (des) construção. É que ele define de forma inigualável quase todas as pessoas que mais amo nesta vida.
Detesto essa mania moderna de economizar. De poupar. De guardar. De se esconder, de se proteger, de não se valer. Detesto a falta de empolgação de quem diz “oi” e “tchau” quase ao mesmo tempo. Acho de uma covardia intraduzível quem esconde as palavras e os sentimentos lá no fundo pra não se machucar.
Deve ser por que sou do tipo que mete a cara. Que mergulha, se afoga, se fere e se recompõe – mas não deixa de ser quem é nem por um minuto. Por que prefere ser julgada a ter que se omitir. É por isso que eu gosto de quem se mostra inteiro e permite que eu faça o mesmo.
Não me surpreende, também, que este adorado adjetivo – que não saiu da minha cabeça por dias, não sossegou até ser despejado no papel –seja considerado uma patologia, seja empregado pejorativamente. Seja confundido, comumente, com tagarelice. Dane-se, eu amo mesmo assim – aliás, tudo o que amo nesta vida tem um quê de loucura e esquisitice.
Sem tentar, nem por um minuto, ser técnica – até por que a minha posição não me exige isto – arrisco dizer que os verborrágicos são diferentes dos tagarelas, e diferentes pra melhor, por assim dizer: não me refiro ao que fala sem parar, sem filtro e sem bom senso. Não. O verborrágico fala muito e fala o necessário. Fala o que sente, o que pensa, o que o outro precisa ouvir. Fala com os instintos e com o coração. O verborrágico ao qual me refiro é aquele que não tem medo de se cuspir pela boca. De dar vazão à alma através dos verbos. É o que te abraça com dezenas de sílabas. É quem não tem medo de se traduzir. É o que se dá ao luxo de se mostrar em um mundo em que cada palavra pesa contra você.
Que me perdoem os monossilábicos: mas eu gosto é de quem se expressa.
por Nathalí Macedo

2.5 Daqui pra frente

— Embora aos trancos e barrancos, a gente não para, a corda balança mas a gente não cai, a gente desata os nós e se precisar a gente faz outros bem fortes, a gente segura aquela barra, segura o coração, a berenice ou aquele smartphone, a gente chora de alegria, de ansiedade ou se emociona em segredo numa quinta-feira a tardinha voltando pra casa, a gente conversa com nós mesmos.. em silêncio, cochichando, cozinhando, cantamos no banho, abrimos a geladeira pra pensar, morremos de vergonha alheia daquele dia na areia, a gente dá gargalhadas altas põe a mão na cabeça e ri de novo, a gente só quer dormir, a gente só quer fugir, quer correr, dançar, gozar, gritar, viajar. teletransportar.
Esquecemos as vezes da nossa essência, porque a gente ainda tem medo. A gente ainda quer saber o que há novo (eu quero saber de boas novas) a gente ainda tem fome e nunca se sacia. A gente esquece de agradecer pelo que conquistamos até aqui, ou por quem lutou pra que chegassemos ate aqui. Mas não esquecemos quando saltamos do balanço pela primeira vez ou quando beijou, se formou, namorou, tomou um porre com os amigos, errou na receita do bolo, colocou sal no café, dessas coisas.. desses momentos, dessas pessoas bonitas que estiveram com a gente nessas historias que fazem ser o que somos hoje.
E Hoje, aqui.. no meu ritual, ouvindo minha musiquinha na luz baixa, curtindo meu vinho, meu chocolate meio amargo rs (não vim pra agradar) mas pra agradecer; agradecer por ter chegado até aqui, neste ano mais uma vez. Agradecer a todos meus amigos, aos chegados.. por aqueles abraços demorados, aquelas confissoes cabulosas, os sorrisos timidos e as gargalhadas na calçada, as quebradas-de-galho, as indiadas, as cevas, os xis gordurosos, as taças de champanhe, as garrafas de vinho, as jantas improvisadas, os livros emprestados (e ñ devolvidos rs) as dancinhas bizonhas e aqueles sorrisos encantadores que consegui tirar de vcs.
E que mesmo as vezes não estando muito presente como gostaria, queria dizer que vcs tem um papel importante na minha história de crescimento, algumas coisas mudam e isso é bom, porque que cada capitulo é novo começo, onde vcs estão dentro.
Gratidão  — Daqui pra frente

sexta-feira, 15 de julho de 2016

40 minutos depois

Eu venho para o mergulho. Atravessar as fronteiras.
Me aproximar do horizonte. Voltar a superfície, o
azul contemplativo do nosso abraço: largo e lento -
para que não haja fim. Para que o tempo desperte
todas as formas de entrega. Para que possamos
deslizar e ver e ser, raízes. Uma dança dos véus
de todas as cores, como quando o vento invade
os galhos. Quando podemos pensar que sim.
Sim, eu sinto. Sou parte e sim!
Todos os dias o céu me invade pelas narinas. Frio ou quente. Não importa! Vejo tantas pessoas que atravessam o mesmo caminho, que possuem os mesmos trejeitos. No entanto, nada enxergam um dos outros. Caminham na beira da pressa, dos ponteiros, das catracas de seus anseios para mais um dia na vida. E é quando eu me lembro que estou respirando, que o sangue circula, o coração bate. O interno de mim acontece. Reconheço as tentativas frustradas dos encontros que nunca acontecem. Que sequer existem. Que talvez, ninguém queira. Mas o que encontro adiante me ergue aos palácios do transe. Três horas nunca serão o suficientes para se dançar. Para amar com esse amor que derramo da ânfora. Pois já não me interessa os pastos, ou assumir-me camelo, carneiro, cabra. Eu preciso das cinzas, onde haverá o amanhã da fênix. Onde as carrancas espantam os maus espíritos. Onde me torno o viajante que se curva ao primeiro som do tambor. A coluna se contorce em C. A cartilagem etérea que liberta algo da alma Simiesca e me conecta ao sol. Estou vendo outros olhos - das pessoas que não pareciam reais. Elas trocaram de lugar conosco. Juram que não existimos ou enlouquecemos em meio ao instante fora do tempo que criamos ativamente, recriamos e por fim destruímos. 40 Minutos depois, a paisagem não é a mesma. Choramos emocionados e sem lágrimas nossos corações, depois de ser flecha. Presenteamos.
.
(Primeiro "relato" poético integrando o
Nutaan 2016Taanteatro 25 Anos)
Imagem Sophie Aguilera.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

água mole

Ele falou que sou muito duro. 
Mas eu sou mole, mole que me derreto todo, que isso me afeta tanto que até mesmo vim até falar contigo. 

me doí por dentro em pensar que posso estar atrapalhando uma fase na transição dele, essa fase que EU já vivi. 
Eu rio, eu fumo maconha com meus amigos e damos gargalhadas, eu me emociono lendo coisas, 
assisto filmes em preto e branco, 
eu tomo cerveja barata na esquina, 
eu trago cházinho na cama, 
eu pixo mais amor na parede da minha casa, 
eu guardo flor dentro do livro, 
eu roubo beijo, 
eu gosto de beijo de lingua em publico, 
 eu aplaudo rebeldias, 
eu to na manifestação, 
minha amiga lesbica foi presa pela pm e a gente continua na luta por um mundo justo de visibilidade e respeito. 
eu to na fila do busão, 
eu to na aula sobre genero e sexualidade, 
eu to procurando emprego, 
eu to mandando cartas escritas a mão para amigos que gosto, 
eu guardo sorrisos verdadeiros e gestos pequenos singelos que ninguém nota, 
eu gosto de abraço surpresa, 
beijo no pescoço, 
dormir de conchinha, 
eu gosto de passar café e falar amor com minhas amigas até de madrugada.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

cheiro de hortelã

Sabe, eu fico feliz em ter te conhecido.
As vezes demora um tempo pra cair a ficha que alguém realmente tenha se interessado por mim. E não estou falando de beleza sabe. Mas acredite, eu fico profundamente feliz em te ler, e saber que você não quer se afastar de mim pelas coisas que desabafo.. Mesmo eu sendo esse garoto estranho, que fala coisas com tamanha convicção duvidosa, que veio de família pobre e não esconde isso, que as vezes não sabe se expressar muito bem, mas que alguma forma 
de alguma forma
de alguma forma 
quer dar o seu amor ao mundo. 
Eu fico triste por não ser a todo tempo um gay feliz, uma pessoa que sorri, que faz piadas alegres ou até mesmo realizado profissionalmente e materialmente. As vezes no ônibus pensando, me passa corriqueiramente que você não vai gostar de quem eu sou, que você precisa de alguém superior. Mas daí o sinal verde abre. e eu me lembro de você me abraçando forte com aquele cheiro de hortelã e eu fico louco só de pensar no teu pescoço. e por um milésimo de segundo eu não queria mais ter um nome, precisar de um titulo, pensar no amanhã, não saber que dia é hoje, não lembrar das roupas que esqueci no varal. a parada apita. aí eu desço e coloco a mochila na costas...

terça-feira, 26 de abril de 2016

mas ai essa contemporaneidade...

pronto, café novo passadin.. (a chaleira apitou)
ai perdão. não não estou bravo, o que me amola as vezes é essa contemporaneidade toda.. quando disse depois do mario que estava com saudades dos teus olhos eu queria dizer.. sim joe. eu estou com saudades.. do teu cheiro, da expressão quando tu fala e passa a mão no cabelo, como olha preocupado, quando tu fala com a preta nhonhon, quando tu arruma o óculos quando teu cabelo cai pra direita, quando tu fuma na janela, quando eu te abraço por trás na cozinha, quando tu dá mordidas e diz coisas dormindo. quando tu invade o banheiro e entra no box e diz baixinho desculpa. quando tu fica me olhando esperando que eu diga algo quando na verdade eu não sei o que dizer. na verdade não sei porque desandei a escrever.. mas pensei agora passando o café olhando ele descer pelo coador naquele vapor quente, nesse frio do fundo azul, tomo um gole do café preto e meu amor, aqui tudo é quente. e acho que nunca, em nenhuma frase ou palavra.. vai descrever tudo o que eu quero fazer contigo pessoalmente. faz um tempo que eu não sei o que é.. saudade. 
mas ai essa contemporaneidade...

sábado, 26 de março de 2016

A Importância Da Vulnerabilidade

Estamos vivendo uma epidemia de falta de sinceridade. Um flagelo de pessoas que só conseguem ser gentis quando há algum interesse em jogo. Do contrário, quando se tem nada a ganhar ou nenhuma vantagem a ser tirada, não interessa criar nenhum tipo de empatia ou relação honesta e leal.
A falta de transparência e autenticidade nas relações está formando uma geração de pessoas vazias que representam papéis única e exclusivamente com o intuito de criar uma máscara de aceitação. Seus egos doentes preocupam-se em como se destacar, parecer melhor que todos ou com o que irão ganhar com aquela aparente gentileza e, na maioria das vezes, falsidade. Pessoas escondendo seus verdadeiros sentimentos e vivendo para encaixar-se nas exigências externas, apenas para atender a estas questões. Pessoas soterrando o que importa de verdade a elas, seus valores mais profundos em troca de atender às expectativas dos outros para serem aceitos e sentirem-se superiores de alguma forma. Assim, perdem o mais gostoso da vida: criar conexões autênticas e verdadeiras.
O mundo está cheinho de gente infeliz pela falta de sinceridade em sua interação diária.
O monstro da superficialidade, onde o que mais importa é o que pareço ser, nos impede de criar laços transparentes e mostrar vulnerabilidades. Esta falta de significado traz uma deteriorização gradativa de nossa força e energia vitais, e não é à toa que vemos aumentando os índices de depressão e doenças emocionais. Já está comprovado pela ciência que a qualidade de vida de um individuo está diretamente ligada à qualidade das relações que ele cultiva. Quando minhas conexões são essencialmente rasas e crio uma máscara que me impede de mostrar quem realmente sou, com minhas dificuldades e potencialidades, a tendência é que me feche em mim e crie resistências e barreiras no trato com outros indivíduos. A psiquê humana precisa envolver emoção e deixar vir a tona seus sentimentos verdadeiros para manifestar real bem estar.
A pobreza de atenção genuína, sem qualquer tipo de interesse utilitarista só demonstra a falta de apreço da pessoa por ela própria. O auto-amor envolve um intenso afeto por quem sou e passa pela aceitação das imperfeições; e isto se revela na qualidade das relações. Quando tenho um bom relacionamento comigo, não tenho problemas em demonstrar fragilidades ao outro e isto traz um amplo sentimento de alívio. Não existe a necessidade de ter qualquer vantagem pois busco trocas construtivas com quem me relaciono, não apenas o ganho ou projeção. A necessidade de gastar energia para sustentar aos outros uma máscara daquilo que nem eu tenho certeza que sou já não existe. Quando negligencio estes aspectos, o desgaste emocional é intenso, pois em nossa cultura de aparências, dores emocionais profundas são criadas a partir do desconforto de perceber que não somos bons o bastante em relação ao que é fabricado e imposto por uma mídia cruel e exagerada, ou pela comparação feroz à qual nos submetemos. Esta comparação não leva em conta nossas peculiaridades, nossa história ou nossos valores, apenas confronta de forma cruel e degradante.
A energia que emprego neste movimento é geralmente o que me consome e impede de fazer a marcha contrária, olhando sinceramente para dentro, encarando aquilo que ainda não aprendi a aceitar, acolhendo meu negativo. A autoestima necessita de aceitação das dificuldades para acontecer. Preciso entender o que ainda não está bem, quais as dificuldades e pontos de melhoria precisam ser desenvolvidos. Mas com a consciência de quais potencialidades possuo para desenvolver estes pontos. Sem aceitação não existe evolução. E sem auto-estima, não existem conexões sinceras.


Quando não gosto de alguém, minha tendência é afastar-me desta pessoa. Quando não gosto de mim, a tendência é que me afaste cada vez mais de minhas próprias necessidades. Esta percepção irá refletir nos relacionamentos que estabeleço, que serão o resultado da autoestima que cultivo ou não. Se estiver distanciado de minha essência verdadeira, ou me permito relacionamentos desrespeitosos e manipuladores, ou desenvolvo a necessidade do controle, para sentir-me bem. Minha relação com a individualidade é tão frágil que só consigo sentir prazer quando domino ou me deixo dominar.
Se reconhecemos nossas fraquezas a força da sinceridade emerge e é justamente ela que nos impulsiona à conexão franca e honesta com as pessoas ao nosso redor. A paz de espírito que tanto procuramos aflora destas interações saudáveis. Não desenvolvemos nosso crescimento pessoal sozinhos, somente conosco mesmos. Este desenvolvimento se dá no convívio com o outro, no desenvolvimento da inteligência e maturidade emocional para lidar com as situações que envolvam relações com os que estão a minha volta. E é a qualidade destes relacionamentos que ditam nossa felicidade, pois não há contentamento na solidão. O bem estar só é verdadeiro quando desenvolvemos o hábito de colocar-nos no lugar do outro e nos conectarmos de forma significativa, doando os melhores sentimentos que já estão dentro nós, adormecidos por uma falta de entendimento de quem realmente somos e das potencialidades maravilhosas que carregamos e podemos dar ao mundo.

sem nome



EU
ando doente, não sei essa dor que me toma inteiro começa da nuca e desce pela espinha, escorrenga pela bunda, dá a volta nos meus joelhos, meus tornozelos, meus dedos, sobe e belisca meu coração.

— ai como você me doí de vez em quando.


EU
ando feliz, não sei essa felicidade passageira que me leva pra passear, me tira pra dançar, dá voltas na roda gigante, me faz gritar de prazer, me sussurra coisas profanas, me promete coisas mundanas, me enche de amor. liga seu aparelho celular, pede um uber e some.
sem nome.

ela diz

-ela diz-

Um vídeo publicado por Joe Nicolay (@joemesmo) em