But i try..

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sexta-feira, 15 de julho de 2016

40 minutos depois

Eu venho para o mergulho. Atravessar as fronteiras.
Me aproximar do horizonte. Voltar a superfície, o
azul contemplativo do nosso abraço: largo e lento -
para que não haja fim. Para que o tempo desperte
todas as formas de entrega. Para que possamos
deslizar e ver e ser, raízes. Uma dança dos véus
de todas as cores, como quando o vento invade
os galhos. Quando podemos pensar que sim.
Sim, eu sinto. Sou parte e sim!
Todos os dias o céu me invade pelas narinas. Frio ou quente. Não importa! Vejo tantas pessoas que atravessam o mesmo caminho, que possuem os mesmos trejeitos. No entanto, nada enxergam um dos outros. Caminham na beira da pressa, dos ponteiros, das catracas de seus anseios para mais um dia na vida. E é quando eu me lembro que estou respirando, que o sangue circula, o coração bate. O interno de mim acontece. Reconheço as tentativas frustradas dos encontros que nunca acontecem. Que sequer existem. Que talvez, ninguém queira. Mas o que encontro adiante me ergue aos palácios do transe. Três horas nunca serão o suficientes para se dançar. Para amar com esse amor que derramo da ânfora. Pois já não me interessa os pastos, ou assumir-me camelo, carneiro, cabra. Eu preciso das cinzas, onde haverá o amanhã da fênix. Onde as carrancas espantam os maus espíritos. Onde me torno o viajante que se curva ao primeiro som do tambor. A coluna se contorce em C. A cartilagem etérea que liberta algo da alma Simiesca e me conecta ao sol. Estou vendo outros olhos - das pessoas que não pareciam reais. Elas trocaram de lugar conosco. Juram que não existimos ou enlouquecemos em meio ao instante fora do tempo que criamos ativamente, recriamos e por fim destruímos. 40 Minutos depois, a paisagem não é a mesma. Choramos emocionados e sem lágrimas nossos corações, depois de ser flecha. Presenteamos.
.
(Primeiro "relato" poético integrando o
Nutaan 2016Taanteatro 25 Anos)
Imagem Sophie Aguilera.

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