minha boca seca de palavras não ditas; de tolices que não te digo.
Chove de novo.
Sacio minha sede.
Inclino minha cabeça a beirada da cama como quem observa um precipício.
vento nos meus cabelos; sinto que vou voar de novo.
Vento frio. suspiro.
Lembrança de uma chuva passada; de um passado quase esquecido nas gavetas da memoria.
Infância.
— Posso te acompanhar até sua casa? Está chovendo.
— Não! daqui sigo sozinho, pois moro perto.
Para não-descobrir onde morava, na chuva seguia caminhando cerca de quarenta minutos contados.
Resolvia então sempre fazer aquele meu velho atalho pelos trilhos do trem de carga, que cruzava a cidade toda. trilhas a dentro desabitadas. cheiro de ferrugem e folha.
Subia então nos trilhos, equilibrando-me com os braços abertos lá me ia..
Inocente, sozinho e acho que feliz. Cantava.. eu e a chuva.
Naquela idade já sabia ter diálogos contigo. digo; comigo.
Volto-me agora para onde estou ainda com a cabeça a beira de minha cama.
Volto-me a mim mesmo. aonde eu deveria estar para não me deixar perder.
Pois ainda estou seguindo no trilho.
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